FÉ REFORMADA 4º

O LUGAR DA PALAVRA DE DEUS NA FÉ REFORMADA
Do ensino de que Deus é Deus, e de que o homem é aquilo que Deus diz que ele é, depreende-se que devemos respeitar e amar a Palavra de Deus como sendo o próprio Deus. E deve ser dito, em honra da Fé Reformada, que ela é fiel à Palavra de Deus. No século XIX, com a influência aristotélica, surgiu a crítica à Bíblia. Homens, escudados na tese filosófica de que o homem julga todas as coisas, se colocaram acima da Bíblia para criticá-la; e o sucesso deles foi aparentemente enorme. Também por isso é necessário reafirmar o conceito de que é um erro dizer que um homem não pode tornar-se teólogo sem Aristóteles. A verdade é que não pode tornar-se teólogo sem se livrar de Aristóteles. Em resumo, comparando com o estudo da Teologia, o todo de Aristóteles é como a escuridão para a luz. (cf. Teologia dos Reformadores p. 59 - Timothy George).

Também neste aspecto, deve-se notar a diferença na atitudes do luteranismo, romanismo e da Fé Reformada. Os luteranos mostraram bem pouca resistência às novas idéias. O romanismo convive com toda espécie de conceitos filosóficos, humanistas e liberais. Somente a Fé Reformada posicionou-se a favor da inerrância, da inspiração verbal das Escrituras, e de todas as conseqüências decorrentes desse ponto de vista. Uma teoria bem conhecida sustenta que a Bíblia tem autoridade somente na esfera religiosa e ética. Outros dizem que a Bíblia tem autoridade sobre o homem na medida que ele aceita e crê nessa autoridade. Ainda outros dizem que ela é a Palavra de Deus somente quando fala ao nosso coração. A Fé Reformada rejeita todas essas teorias e confessa que a Bíblia é a Palavra de Deus e que é autoritativa em todas as esferas da vida. Todas as coisas escritas na Bíblia são verdadeiras porque são a Palavra de Deus.

Tudo isso tem suas conseqüências. A Igreja Reformada dá grande ênfase ao estudo cuidadoso das Escrituras. O próprio Calvino foi o maior exegeta do período da Reforma. A nossa fé não pode ter outro fundamento que não seja o da Palavra de Deus. As experiências e as boas intenções humanas não substituem a revelação especial de Deus. A Igreja Romana possui salas e mais salas onde estão registrados os “milagres” operados pelos seus santos, nem por isso somos Romanos! Os espíritas dizem fazer curas, cirurgias miraculosas; e se caracterizam pela prática de “boas obras”; mas isso também não nos leva a ser espíritas! O budismo possui as suas virtudes; mas também não somos budistas! Poderíamos falar muito sobre os tantos conceitos humanos, mas considerem: Se fôssemos seguir experiências e boas intenções, o que seríamos? Romanos, espíritas, budistas, ou o quê? Todos têm boas intenções, mas não seguem a Bíblia. Doutrina não se baseia, pois, em sentimento ou experiência, e nem mesmo em boas intenções. Doutrina baseia-se única e exclusivamente na imutável Palavra de Deus. Não cremos, hoje, em revelações fora da Bíblia e, por isso, não somos pentecostais ou liberais; somos Reformados.
CONCLUSÃO
Tudo isso nos leva à constatação de que o Senhor reina, de que a Sua Palavra é a nossa lei. Queremos, portanto, concluir nossas considerações com este grandioso ensino da Palavra de Deus: O Senhor reina!
Todo ser pensante pode ver facilmente que um poder soberano rege sua vida. Ninguém jamais foi questionado se desejava nascer ou não; ou quando, ou onde, ou de quem haveria de nascer; se branco ou preto; se no século vinte ou antes do dilúvio; se na América ou na China. Os crentes de todas as épocas têm reconhecido que Deus é o Criador e o Rei do universo, e portanto, nada pode acontecer fora de Sua vontade real. Deus efetivamente governa o mundo que criou. E até as obras pecaminosas do homem ocorrem somente porque Ele as permite. Se negarmos esta realidade estaremos negando o fato de que Ele reina. Se a palavra de um rei terreno é lei em sua nação, quanto mais a vontade de Deus, no mundo que Ele criou!
Contudo, isto não significa que Ele tenha poder para fazer aquilo que é contrário a Sua natureza, ou para agir de forma contraditória. É impossível que Deus minta ou faça algo moralmente errado. Como Sua onipotência é a garantia segura de que o curso do mundo está conforme o Seu plano, a Sua santidade é a garantia de que todas as Suas obras serão feitas em retidão.
Tudo, sem exceção, está sob Seu controle, e Sua vontade é a razão fundamental de tudo o que acontece. O céu e a terra e tudo que neles há são os instrumentos através dos quais Ele leva a cabo Seus propósitos. A natureza, as nações, e a fortuna de cada ser humano representam, em todas as suas variações, a fiel expressão do propósito de Deus. Os ventos são Seus mensageiros, as chamas de fogo Seus ministros. Cada acontecimento natural é obra Sua; a prosperidade é um dom de Deus; e se a desgraça chega à vida do homem, foi o Senhor quem a permitiu (Am 3:5, 6 Lm 3:33-38, Is 47:7; Ec 7:14; Is 54:16). Ele dirige os passos dos homens, queiram estes ou não; Ele enaltece e Ele abate; Ele abranda o coração e Ele o endurece; e Ele cria os próprios pensamentos e intenções da alma (Fl 2:13).
Embora o reinado de Deus seja universal e absoluto, não é um poder cego. Pelo contrário, Seu reinado está unido à Sua infinita sabedoria, santidade e amor. E esta doutrina, quando compreendida, nos traz grande consolo e segurança. Quem não preferiria que todos os aspectos de sua vida estivessem nas mãos de um Deus de infinito poder, sabedoria e amor; e não que dependessem do acaso cego ou das próprias pessoas pervertidas? Ninguém é mais habilitado que Deus para dirigir a minha vida, e, por isso, glória seja dada ao Seu nome.

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